quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Perceba o risco, proteja a vida



Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem. (Saramago) 


Perceba o risco, Proteja a Vida! .Estamos em uma pandemia! Não há como perceber o risco, pois, até o ato de respirar tornou-se um risco, mas precisamos respirar. Estamos em pleno paradoxo do Viver. Nem Shakespeare entenderia em Hamlet! A questão não é mais Ser e sim Sobreviver. E iremos. Ser ou não ser é exatamente isso: existir ou não existir e, em última instância, viver ou morrer. 

Para sobreviver na vida e no trânsito, basta nos protegermos! No “novo normal”, precisamos usar máscara por empatia ao próximo, pois elas funcionam como barreira de contenção. E a higienização das mãos é uma medida de prevenção ativa e essencial. 

No trânsito, estamos sentindo impactos diretos na mobilidade, através da redução de veículos e, consequentemente, redução no número de acidentes. Porém, a letalidade continua. Isso não mudará enquanto não nos conscientizarmos de que o trânsito é letal quando não respeitarmos as regras, o outro e, principalmente, nossas vidas. A empatia, que tanto se fala hoje no mundo, no trânsito sempre foi falada, porém, nunca ouvida. Precisamos escutar além dos ruídos do trânsito! 

Em maio se comemora o Maio Amarelo, movimento ao redor do mundo em prol da conscientização em relação ao trânsito. Amarelo para lembrar que esta cor no trânsito significa ATENÇÃO e não, ACELERA, como no senso comum. Importante evidenciar que em meio à pandemia as pessoas continuam morrendo. Para mudar esta realidade, basta perceber o risco, proteger nossa vida e a dos outros. 

Muitas ações de conscientização e educação para o trânsito são realizadas, não só em maio, mas durante todo o ano, na Ponte Rio Niterói e em suas cidades liames. Falamos de educação, vida, conscientização, regras e amor. É necessário concordar com Paulo Freire, pois precisamos de uma pedagogia para grandes urgências, no caso atual, não só no trânsito, mas na vida! A pergunta que trago, para os que me leem, é a seguinte: qual a contribuição que nos cabe dar, como seres racionais, à construção de um mundo mais humano e solidário, numa época caracterizada por diferentes e cruéis formas de barbárie? Quando escrevo barbárie, falo, principalmente, da indiferença e hipocrisia humanas. 

No Maio Amarelo, não precisamos falar de mortes, já bastam os telejornais. Falemos de vida! E, acima de tudo, de conscientização. Quando estamos em trânsito ou Educação e segurança para o trânsito Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem. (Saramago) entramos no carro, temos a liberdade e responsabilidade de escolher sobre nossa segurança. Agir, tomar a ação e se posicionar diante da vida e dos acontecimentos! Escolher ser! Escolher viver! E, principalmente, escolher proteger o outro! Aqui temos nosso dilema existencial direto, cristalino e, para muitos, uma cegueira branca, como descreveu Saramago. 

Em especial neste momento tão atípico, reafirmamos como sociedade nossa admiração e respeito a todos que continuam trabalhando para salvar vidas: médicos, enfermeiros, motoristas de ambulâncias, caminhoneiros, ciclistas, motociclistas, entregadores, guardas municipais, policiais, militares ou rodoviários, agentes de atendimento das concessionárias de rodovias e os agentes de trânsito. Saibam, vocês fazem a diferença! 

Em um novo momento, que vai chegar, deixo meu abraço caloroso e, enquanto isso, usem máscaras e se higienizem sempre.

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Priscilla Lundstedt Rocha - Especialista em Gestão, Educação e Segurança no Trânsito.Trânsito.E-mail: priscillarochacontatos@gmail.com
Instagram: @priscilla_lundstedt_rocha

FONTE:
ROCHA, Priscilla Lundstedt Rocha. Perceba o risco, proteja a vida. In: Revista ECOPONTE. Ano 6 no 59, abril de 2020.

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quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Reunião preparatória para a 3° Virada da Mobilidade Niterói - Semana Nacional do Trânsito 2020.

Primeira reunião coletiva e virtual para realizarmos a 3° Virada da Mobilidade Niterói - Semana Nacional do Trânsito 2020.


Como todos sabem estamos vivendo em um momento atípico em decorrência da pandemia, mas mesmo assim não iremos parar o trabalho que juntos, realizamos ao longo desses anos.



Mais uma vez juntaremos nossos esforços e realizaremos uma semana que fará a diferença para Niterói, e desde já agradeço a todos que se uniram para essa construção! Juntos somos mais fortes! 


Obrigada!

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Revalorização do espaço público

ESPAÇO PÚBLICO URBANO: aquele é de uso comum e posse de todos. Os espaços públicos são pontos determinantes de uma cidade como locais de encontros e relações. Sujeito + Lugar + a qualquer tempo = Cidade. Esta equação foi ferozmente modificada com a pandemia, mas que pouco a pouco volta a ser restabelecida, talvez com um novo olhar: mais afetuoso, acolhedor, cuidadoso valorizando o que é nosso e está a nossa disposição, sempre.

Na pandemia os espaços públicos viraram tendência, para evitar as aglomerações...e o mais legal é que nós, como moradores passamos a olhar esses espaços com mais respeito cuidado e amor...

No dia 27 de julho de 2020, visitamos a renovada Praça Juscelino Kubitschek. Complexo paisagístico e arquitetônico, que marcam a história de Niterói e fica localizada no centro.

Sua construção iniciada na 2° metade do século XX, como homenagem ao Presidente Juscelino Kubitschek e foi incorporada ao Caminho Niemeyer e revitalizada na gestão do nosso prefeito Rodrigo Neves e Axel Grael

Projetada por Oscar Niemeyer, tem uma vista que compreende a orla de Niterói e toda a Ponte Rio Niterói.A escultura em bronze da praça é de Oscar Niemeyer e JK sentados em um dos bancos olhando uma planta arquitetônica.

Nesta praça pode se ver o mais lindo pôr-do-sol do mundo, e Alfred Hitchock daria razão, se por aqui tivesse passado, esqueceria Zadar na Croácia e ficaria com Niterói e o mirante da praça com toda sua indelével vista.

Que tal conhecer mais Niterói?!Venha pedalar e conhecer com a gente! Com todo respeito às regras do novo normal, e principalmente respeito pelo outro!

terça-feira, 28 de julho de 2020

COVID-19: LIÇÕES PARA CAMINHONEIROS


"Dirijo devagar, tenho pressa de chegar, pois amar e mudar as coisas me interessa mais! Em qual para-choque você leu que a vida seria fácil?"

O mundo inteiro está naquela .estrada ali na frente; frase de Coração Selvagem de Belchior, mas poderia ser o mantra matinal do caminhoneiro, que antes do nascer do sol, coloca a chave na ignição, engata a primeira e continua sua longa jornada pelas estradas do Brasil. 

Sozinhos, esses homens e mulheres atravessam o País. No para-choque suas frases mostram as personalidades e mandam recados aos que cruzam seus caminhos. Conhecendo todos os tipos de paisagem, gentes e rodovias, com suas curvas acentuadas, leves, longas retas e centenas de quilômetros diários em um caminhar, ou melhor rodar, cansativo, estressante, muitas vezes perigoso, onde a música, a fé, o café, chimarrão ou tereré ajudam no passar das horas, e o momento de parar para as refeições ou uma simples ida ao banheiro, o olhar o céu, seja estrelado, ensolarado ou chuvoso é o divertimento da rotina de solidão e, paradoxalmente, de aprendizado diário. 

O caminhão é a sua casa, já que o seu trabalho é viver nessa boleia de ir e vir por nosso tão grande Brasil, lembrando que a distância do Chuí (RS) ao Oiapoque (AP) é de 4.175km, porém, a distância de condução é de 5.646km, aproximadamente 4 dias e 10 horas, segundo o Google - acreditando que durante este caminho não ocorram problemas e que as rodovias estejam em boas condições, o que sabemos que no Brasil não é bem assim, mas isso seria assunto para outro artigo. 

Voltando às paradas, além do momento de esticar o corpo, fazer as refeições, é o momento de também alimentar a alma, rever os amigos do trecho e contar novas histórias. 

Neste momento de pandemia em razão da covid-19, os caminhoneiros, classe trabalhadora, sofrida e lembrada em momentos pontuais pela maioria da sociedade, ganhou notoriedade. Enquadrados na classe dos serviços essenciais, para que cada cidade deste imenso Brasil continue recebendo produtos alimentícios, hospitalares, industrializados, ou quaisquer que sejam, os caminhoneiros não pararam. Enquanto para a segurança de todos o lema é ficar em casa, o deles é cruzar o Brasil para cuidar de nós, mesmo não conhecendo esse “nós”. 

No Brasil afora, as concessionárias, além da segurança viária, estão com ações voltadas não só para caminhoneiros, mas para todos os usuários com comunicação, informação, distribuição de máscaras, álcool em gel, uma enorme mobilização para conter o avanço da covid-19. 

Quem passar pela Ponte Rio Niterói receberá informações, encontrará ações e mobilizações contra a Covid-19 e, além de ganhar o sorriso do trabalhador diário, ganhará a esperança por dias melhores e a certeza que tudo voltará a ficar bem. 

O importante é que cada um faça sua parte neste período e que o medo não nos tome conta! Cuide da sua boleia, limpando e desinfetando a cabine, objetos e superfícies que são tocados, seja com água e sabão ou álcool em gel, mantenha sua cabine sempre com ventilação, se for mexer na parte externa do veículo lave as mãos. Lavar as mãos deve ser constante, mas vocês são caminhoneiros, dessa forma o constante é a higienização com álcool em gel. 

Nas paradas dos trechos, aquela conversa em roda, em torno do caminhão e fogareiro, deve ser evitada. Mantenham a distância mínima de 1,5m durante as conversas e, no lugar dos abraços calorosos e fortes apertos de mão, apenas os cotovelos se tocando.

Neste momento o compartilhar de copos, talheres, toalhas precisa ser suspenso. Nessa longa estrada da vida, com certeza vocês já vivenciaram muitas coisas que me fogem, e que eu amaria poder conhecer, pois amo histórias contadas e aprenderia muito. 

Neste momento, se estiverem lendo, por favor, cuidem-se: lavem bem as mãos quando puderem, na falta da água usem o álcool em gel, ao usarem os banheiros das estradas lembrem das mães de vocês ensinando como usar o banheiro sem tocar. Esta lembrança maternal faz toda a diferença em tempos de vírus e traz uma alegria quente ao coração. 

Desejo que continuem levando o coração de vocês pelo Brasil, entregando ou pegando uma carga, e que não pensem na solidão da boleia e, sim, nos agradecimentos e carinhos que estão recebendo pelo Brasil afora. E que o fim do termo saudade ocorra quando voltarem às suas casas em segurança e reverem sua família. Primeiro tomem um longo banho, afinal, vocês a amam e por amor temos que cuidar dos outros. Um caloroso toque de cotovelo a todos vocês, meu profundo respeito e obrigada! Juntos, venceremos essa batalha! Viva a Vida!

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Priscilla Lundstedt Rocha - Especialista em Gestão, Educação e Segurança no Trânsito.
E-mail: priscillarochacontatos@gmail.com
Instagram: @priscilla_lundstedt_rocha

FONTE:
ROCHA, Priscilla Lundstedt Rocha. Covid-19: lições para caminhoneiros. In: Revista ECOPONTE. Ano 6 no 58, abril de 2020.




terça-feira, 26 de maio de 2020

Ponto cego


"A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê” (Arthur Schopenhauer).

O ponto cego é aqui. Entramos .em nossos carros, fechamos ao mundo e nos sentimos protegidos de todos os males. O problema é esquecermos que não vivemos em movimento de rotação sobre nós mesmos. Vivemos em translação. No trânsito, não há redoma que nos proteja se não cuidarmos uns dos outros. Estamos em ponto cego. Precisamos primeiro enxergar para depois tentar sair. É como a alegoria da caverna de Platão. Precisamos nos libertar das correntes e ir para luz. 

O ponto cego para oftalmologia é a pequena área da retina em que não existem receptores de luz que formam a imagem para ser reconhecida no cérebro. Não percebemos essa falha, pois a imagem de um olho compensa a do outro, e isso é normal. Em nossas relações interpessoas é o calcanhar de Aquiles: assunto importante, que muitos pensam, mas não falam. Nos veículos é quando o retrovisor não abrange determinada área no trânsito, ou seja, pessoas transitam pelas cidades com o risco iminente de incidentes ou acidentes. Isso acontece porque não enxergam pessoas e veículos vindos em sua direção pela parte de trás. Na maioria das vezes, devido a retrovisores mal regulados. 

O ponto cego não tem como ser evitado, pois é inerente ao formato dos veículos e as limitações visuais. Dessa forma, não importa o modelo nem a qualidade dos seus retrovisores. A solução é minimiza-lo posicionando da melhor forma retrovisores laterais e interno. Estatísticas indicam que 60% dos acidentes acontecem quando um condutor não enxerga o outro durante ultrapassagens e conversões, justamente quando a visão está focada em um determinado local, descartando a visão periférica à manobra. 

A maioria dos condutores ajusta o retrovisor de modo a visualizar metade do veículo deixando o restante do campo visual para o trânsito, o que é um erro comum, e que deve ser corrigido. A melhor forma de evitar os pontos cegos é abrir os retrovisores o máximo até a traseira do veículo desaparecer. Quanto maior a abertura, maior é a visão. Afinal, o condutor não precisa visualizar a traseira e a lateral do seu veículo, certo? Esta mudança reduz os pontos cegos e, diminui os riscos de acidentes, principalmente com motos que insistem em transitar em alta velocidade nos ‘corredores’ formados nas faixas de circulação. Por falar em motocicletas é recomendável que apenas uma parte dos ombros do motociclista esteja visível no espelho. É importante que os retrovisores das motos também permitam visualizar a traseira, pois o motociclista não pode ficar virando a cabeça para os lados ou para trás, sob risco de desviar sua atenção e envolver-se em acidentes. Os demais, precisam ficar atentos, pois nem sempre é possível perceber a presença da moto, devendo planejar e sinalizar, com antecedência manobras, como mudanças de faixa. 

Assim, para evitar acidentes, motociclistas e condutores devem dirigir com atenção e tomar atitudes que levem a uma boa convivência. Os condutores devem respeitar a velocidade máxima da via, trafegar com cuidado e manter distância segura dos demais veículos. O motociclista deve usar o capacete de forma adequada e calçado fechado para proteção. Há, ainda, equipamentos que reforçam a segurança do piloto e do garupa, como o uso de jaqueta, calças de material reforçado e luvas apropriadas. Itens que fazem a diferença em um acidente. Há de se lembrar, que nas rodovias as motos devem respeitar as mesmas regras dos demais veículos. Andar no ‘corredor’, portanto, configura ultrapassagem pela direita. Trata-se de infração sujeita à multa.

Minimizar o ponto cego requer conscientização, confiança, vontade e empatia. Confiança nas pessoas, empatia pelo que pensam, sentem e vontade de escutar sem julgamentos e ressentimentos. Pela segurança de TODOS, Vale o esforço! Afinal, não estamos tratando apenas do caminhar das nossas vidas, e sim de um todo. Zelamos pela evolução humana, para uma vida plena, feliz e mais segura. 

Volto à alegoria da caverna com a pergunta atualíssima de Sócrates:“E se o forçassem a olhar para a própria luz, não achas que os olhos lhe doeriam, ele viraria as costas e voltaria para as coisas que pode olhar e as consideraria verdadeiramente mais nítidas do que as coisas que lhe mostram?” E termino com a explicação do mesmo: “Acrescento que é preciso vê-la se quer comportar-se com sabedoria, seja na vida privada, seja na vida pública” e como Glauco também sou capaz de compreender e concordar. Precisamos reconhecer os pontos cegos e com conhecimento nos orientarmos como humanidade aos limites do horizonte, que podem ser mais curtos do que se imagina. Boa Reflexão!
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Priscilla Lundstedt Rocha - Especialista em Gestão, Educação e Segurança no Trânsito.


FONTE: 
ROCHA, Priscilla  Lundstedt Rocha. Ponto cego. In: Revista ECOPONTE. Ano 6 no 56, fevereiro de 2020.