sábado, 25 de abril de 2020

No trânsito o 'inferno' são os outros


EDUCAÇÃO E SEGURANÇA PARA O TRÂNSITO


Por: Priscilla Lundstedt Rocha 

Escrever ou falar sobre o que mais amo, educação para o trânsito, comportamento do ser humano no trânsito, é um missão árdua quando nos deparamos com o problema: nós, seres humanos estamos cada vez mais maquinizados, automatizados, buscando cada vez mais a inteligência artificial, a vida on-line como meio de amenizar a nossa angustia, solidão, o medo de lidar com o nosso pior inimigo: nós mesmos para tentarmos suprir a carência do eu, paradoxalmente em um  mundo que cada vez mais se fala de ATITUDE, precisamos de fato ser PROATIVOS! Mas como se nos massificamos / alienamos dia a dia? 

Somos animais sociais, vivemos em grupo, desta forma temos que exercer a nossa sociabilidade, sem esquecer a nossa humanidade, cidadania, ética e comprometimento consigo e com o outro; e no trânsito pensar no outro é primordial, exercer a DIREÇÃO DEFENSIVA e pensar na prevenção. Temos que ser virtuosos no trânsito e em toda a vida.

Assim, podemos depreender que, para alcançar a harmonia no trânsito, precisamos valorizar o hábito de agir em prol do bem comum, antes do interesse particular momentâneo. Isso se mostra até mesmo em pequenos atos de gentileza, como respeitar aquele que pretende cruzar uma faixa de pedestres, ainda que estejamos com pressa, ou não estacionar numa vaga reservada para idosos ou deficientes físicos, ainda que não exista nenhuma outra livre por perto, não jogar lixo no chão, respeitar a velocidade da via, dar sinal de seta, etc...

Costumamos frequentemente ouvir que o problema do trânsito, ou qualquer outro problema decorre dos “outros”, dos governantes e autoridades; no caso do trânsito, os maus motoristas e motociclistas, os pedestres desrespeitosos e desatentos, os veículos que desgovernam ou falham, os ciclistas (...) nunca confessamos SERMOS parte deste problema, sempre buscamos uma justificação para o NOSSO comportamento inapropriado.

O inferno são os outros, a máxima de Sartre remete ao nosso drama social mais intenso. Precisamos começar a nos olhar, pois o inferno é cada um de nós, cada qual a sua medida.

Tudo resume-se na MUDANÇA DE COMPORTAMENTO HUMANO, assim sendo devemos nos olhar e analisarmos nossas ações, condutas e tentar SER e FAZER a diferença no trânsito e na vida, só desta forma teremos um trânsito mais gentil, mais humano, mais feliz, mais otimista!

Devemos reafirmar um contrato social a fim de reestabelecermos uma ordem que nos tire desse “estado de natureza no trânsito”, onde todos parecem estar contra todos e prevalece o mais forte, potente, maior e onde cada indivíduo/veículo parece agir como um “lobo” do próprio homem, cada dia mais desumano.

Para assegurar a paz e a defesa e nos reumanizarmos no trânsito dependerá das repetidas ações individuais de cada um para o bem comum. Que possamos ser a diferença, pois, o discurso do “SE”, no trânsito é tarde demais! Que cada um hoje e sempre possa SER e FAZER a diferença e que busquemos a nossa grandeza com dignidade e respeito ao outro, pois, a miséria já nos é conhecida.

________________________________
  
Priscilla Lundstedt Rocha -Especialista em Gestão, Educação e Segurança no Trânsito
FONTE: ROCHA, P. L. No trânsito o 'inferno' são os outros. Revista ECOPONTE. Ano 5 no 52, outubro de 2019.

Nenhum comentário:

Postar um comentário