"A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê” (Arthur Schopenhauer).
O ponto cego é aqui. Entramos .em nossos carros, fechamos ao mundo e nos sentimos protegidos de todos os males. O problema é esquecermos que não vivemos em movimento de rotação sobre nós mesmos. Vivemos em translação. No trânsito, não há redoma que nos proteja se não cuidarmos uns dos outros. Estamos em ponto cego. Precisamos primeiro enxergar para depois tentar sair. É como a alegoria da caverna de Platão. Precisamos nos libertar das correntes e ir para luz.
O ponto cego para oftalmologia é
a pequena área da retina em que não
existem receptores de luz que formam
a imagem para ser reconhecida no
cérebro. Não percebemos essa falha,
pois a imagem de um olho compensa
a do outro, e isso é normal. Em nossas
relações interpessoas é o calcanhar
de Aquiles: assunto importante, que
muitos pensam, mas não falam.
Nos veículos é quando o retrovisor
não abrange determinada área no
trânsito, ou seja, pessoas transitam
pelas cidades com o risco iminente de
incidentes ou acidentes. Isso acontece
porque não enxergam pessoas e
veículos vindos em sua direção pela
parte de trás. Na maioria das vezes,
devido a retrovisores mal regulados.
O ponto cego não tem como ser
evitado, pois é inerente ao formato dos
veículos e as limitações visuais. Dessa
forma, não importa o modelo nem a
qualidade dos seus retrovisores. A
solução é minimiza-lo posicionando
da melhor forma retrovisores laterais
e interno. Estatísticas indicam que
60% dos acidentes acontecem quando
um condutor não enxerga o outro
durante ultrapassagens e conversões,
justamente quando a visão está focada
em um determinado local, descartando
a visão periférica à manobra.
A maioria dos condutores ajusta
o retrovisor de modo a visualizar
metade do veículo deixando o restante
do campo visual para o trânsito, o
que é um erro comum, e que deve ser
corrigido. A melhor forma de evitar os
pontos cegos é abrir os retrovisores
o máximo até a traseira do veículo
desaparecer. Quanto maior a abertura,
maior é a visão. Afinal, o condutor não
precisa visualizar a traseira e a lateral
do seu veículo, certo? Esta mudança
reduz os pontos cegos e, diminui os
riscos de acidentes, principalmente
com motos que insistem em transitar
em alta velocidade nos ‘corredores’
formados nas faixas de circulação. Por
falar em motocicletas é recomendável
que apenas uma parte dos ombros do
motociclista esteja visível no espelho.
É importante que os retrovisores das
motos também permitam visualizar a
traseira, pois o motociclista não pode
ficar virando a cabeça para os lados
ou para trás, sob risco de desviar sua
atenção e envolver-se em acidentes.
Os demais, precisam ficar atentos,
pois nem sempre é possível perceber a
presença da moto, devendo planejar e
sinalizar, com antecedência manobras,
como mudanças de faixa.
Assim, para evitar acidentes,
motociclistas e condutores devem
dirigir com atenção e tomar atitudes
que levem a uma boa convivência. Os condutores devem respeitar a
velocidade máxima da via, trafegar
com cuidado e manter distância segura
dos demais veículos. O motociclista
deve usar o capacete de forma
adequada e calçado fechado para
proteção. Há, ainda, equipamentos
que reforçam a segurança do piloto
e do garupa, como o uso de jaqueta,
calças de material reforçado e luvas
apropriadas. Itens que fazem a
diferença em um acidente. Há de se
lembrar, que nas rodovias as motos
devem respeitar as mesmas regras dos
demais veículos. Andar no ‘corredor’,
portanto, configura ultrapassagem pela direita. Trata-se de infração sujeita
à multa.
Minimizar o ponto cego requer
conscientização, confiança, vontade
e empatia. Confiança nas pessoas,
empatia pelo que pensam, sentem e
vontade de escutar sem julgamentos
e ressentimentos. Pela segurança de
TODOS, Vale o esforço! Afinal, não
estamos tratando apenas do caminhar
das nossas vidas, e sim de um todo.
Zelamos pela evolução humana, para
uma vida plena, feliz e mais segura.
Volto à alegoria da caverna com a
pergunta atualíssima de Sócrates:“E se
o forçassem a olhar para a própria luz,
não achas que os olhos lhe doeriam,
ele viraria as costas e voltaria para as
coisas que pode olhar e as consideraria
verdadeiramente mais nítidas do
que as coisas que lhe mostram?” E
termino com a explicação do mesmo:
“Acrescento que é preciso vê-la se quer
comportar-se com sabedoria, seja na
vida privada, seja na vida pública” e
como Glauco também sou capaz de
compreender e concordar. Precisamos
reconhecer os pontos cegos e com
conhecimento nos orientarmos como
humanidade aos limites do horizonte,
que podem ser mais curtos do que se
imagina. Boa Reflexão!
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FONTE:
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Priscilla Lundstedt Rocha - Especialista em Gestão, Educação e Segurança no Trânsito.
E-mail: priscillarochacontatos@gmail.com
Instagram: @priscilla_lundstedt_rocha
FONTE:
ROCHA, Priscilla Lundstedt Rocha. Ponto cego. In: Revista ECOPONTE. Ano 6 no 56, fevereiro de 2020.
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