terça-feira, 26 de maio de 2020

Ponto cego


"A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê” (Arthur Schopenhauer).

O ponto cego é aqui. Entramos .em nossos carros, fechamos ao mundo e nos sentimos protegidos de todos os males. O problema é esquecermos que não vivemos em movimento de rotação sobre nós mesmos. Vivemos em translação. No trânsito, não há redoma que nos proteja se não cuidarmos uns dos outros. Estamos em ponto cego. Precisamos primeiro enxergar para depois tentar sair. É como a alegoria da caverna de Platão. Precisamos nos libertar das correntes e ir para luz. 

O ponto cego para oftalmologia é a pequena área da retina em que não existem receptores de luz que formam a imagem para ser reconhecida no cérebro. Não percebemos essa falha, pois a imagem de um olho compensa a do outro, e isso é normal. Em nossas relações interpessoas é o calcanhar de Aquiles: assunto importante, que muitos pensam, mas não falam. Nos veículos é quando o retrovisor não abrange determinada área no trânsito, ou seja, pessoas transitam pelas cidades com o risco iminente de incidentes ou acidentes. Isso acontece porque não enxergam pessoas e veículos vindos em sua direção pela parte de trás. Na maioria das vezes, devido a retrovisores mal regulados. 

O ponto cego não tem como ser evitado, pois é inerente ao formato dos veículos e as limitações visuais. Dessa forma, não importa o modelo nem a qualidade dos seus retrovisores. A solução é minimiza-lo posicionando da melhor forma retrovisores laterais e interno. Estatísticas indicam que 60% dos acidentes acontecem quando um condutor não enxerga o outro durante ultrapassagens e conversões, justamente quando a visão está focada em um determinado local, descartando a visão periférica à manobra. 

A maioria dos condutores ajusta o retrovisor de modo a visualizar metade do veículo deixando o restante do campo visual para o trânsito, o que é um erro comum, e que deve ser corrigido. A melhor forma de evitar os pontos cegos é abrir os retrovisores o máximo até a traseira do veículo desaparecer. Quanto maior a abertura, maior é a visão. Afinal, o condutor não precisa visualizar a traseira e a lateral do seu veículo, certo? Esta mudança reduz os pontos cegos e, diminui os riscos de acidentes, principalmente com motos que insistem em transitar em alta velocidade nos ‘corredores’ formados nas faixas de circulação. Por falar em motocicletas é recomendável que apenas uma parte dos ombros do motociclista esteja visível no espelho. É importante que os retrovisores das motos também permitam visualizar a traseira, pois o motociclista não pode ficar virando a cabeça para os lados ou para trás, sob risco de desviar sua atenção e envolver-se em acidentes. Os demais, precisam ficar atentos, pois nem sempre é possível perceber a presença da moto, devendo planejar e sinalizar, com antecedência manobras, como mudanças de faixa. 

Assim, para evitar acidentes, motociclistas e condutores devem dirigir com atenção e tomar atitudes que levem a uma boa convivência. Os condutores devem respeitar a velocidade máxima da via, trafegar com cuidado e manter distância segura dos demais veículos. O motociclista deve usar o capacete de forma adequada e calçado fechado para proteção. Há, ainda, equipamentos que reforçam a segurança do piloto e do garupa, como o uso de jaqueta, calças de material reforçado e luvas apropriadas. Itens que fazem a diferença em um acidente. Há de se lembrar, que nas rodovias as motos devem respeitar as mesmas regras dos demais veículos. Andar no ‘corredor’, portanto, configura ultrapassagem pela direita. Trata-se de infração sujeita à multa.

Minimizar o ponto cego requer conscientização, confiança, vontade e empatia. Confiança nas pessoas, empatia pelo que pensam, sentem e vontade de escutar sem julgamentos e ressentimentos. Pela segurança de TODOS, Vale o esforço! Afinal, não estamos tratando apenas do caminhar das nossas vidas, e sim de um todo. Zelamos pela evolução humana, para uma vida plena, feliz e mais segura. 

Volto à alegoria da caverna com a pergunta atualíssima de Sócrates:“E se o forçassem a olhar para a própria luz, não achas que os olhos lhe doeriam, ele viraria as costas e voltaria para as coisas que pode olhar e as consideraria verdadeiramente mais nítidas do que as coisas que lhe mostram?” E termino com a explicação do mesmo: “Acrescento que é preciso vê-la se quer comportar-se com sabedoria, seja na vida privada, seja na vida pública” e como Glauco também sou capaz de compreender e concordar. Precisamos reconhecer os pontos cegos e com conhecimento nos orientarmos como humanidade aos limites do horizonte, que podem ser mais curtos do que se imagina. Boa Reflexão!
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Priscilla Lundstedt Rocha - Especialista em Gestão, Educação e Segurança no Trânsito.


FONTE: 
ROCHA, Priscilla  Lundstedt Rocha. Ponto cego. In: Revista ECOPONTE. Ano 6 no 56, fevereiro de 2020. 


Divirta-se com responsabilidade

"Verão, sempre gostei tanto da idéia do verão... sol, coisas quentinhas...Às vezes gosto de fechar meus olhos e imaginar como vai ser quando o verão chegar...Meus amigos vão me achar mais legal no verão". (Olaf-Frozen)


O Verão, uma das quatro.estações do ano, sucede a primavera e antecede o outono. Suas principais características: elevadas temperaturas e o aumento dos índices pluviométricos. Seu primeiro dia é chamado de solstício de verão, que significa em latim “sol parado”. Especialistas afirmam que a exposição à radiação solar estimula a produção de dopamina, melatonina e serotonina, dando às pessoas a sensação de maior alegria. Os dias são mais longos que as noites em virtude da maior incidência solar em um dos hemisférios, no nosso caso, sul. 


Atravessar a Baía de Guanabara pela Ponte Rio-Niterói no verão pode ser um alumbramento. De um lado temos o Rio de Janeiro, cidade mundialmente conhecida eternizada em sambas, bossa nova, praias, história, cultura e o carnaval; 13km pela ponte, do outro lado da Baía temos Niterói a desbravar, conhecer e a se apaixonar... 

Os que moram no Rio de Janeiro vão dizer que o bonito em Niterói é a vista do Rio... Mas Niterói é além vista. 

História, Cultura, Carnaval, Niemeyer presente em sete obras pela cidade, com seu Caminho que passa pelo Teatro Popular e vai até o Museu de Arte Contemporânea (MAC), à beira mar com uma vista indelével... 

Niterói tem as orlas da Guanabara e Oceânica, ambas lindas! O conjunto de praias e lagunas oceânicas rodeadas por montanhas, algumas com grandes ondas, outras com águas calmas são um encantamento que só Niterói tem, e vale muito descobrir.

Com tantas opções temos no verão grande movimentação de veículos, e por vezes, comportamentos que não combinam com a segurança viária.

Praia, sol, água de coco, petiscos, blocos de carnaval e a ‘cervejinha’ bem gelada que não há quem resista, porém precisamos pensar em voltar em segurança para nossa casa com a família.

A autoconfiança neste momento atrapalha demais, pois muitos dizem que uma ‘cervejinha’ não tem problema.

mas no trânsito um gole pode fazer a diferença em um acidente, ou incidente de trânsito, e este ato/ação, que é beber, depende de cada um de nós, do nosso livre arbítrio de escolher desbravar, conhecer, aproveitar os lindos lugares, ou ser nosso último passeio depois do gole... 

Bebida e direção não combinam, milhões já escreveram isso, mas cabe entender, introjetar essa ideia e ecoar em nossos corações e cérebros. 

Qualquer quantidade de álcool ingerida, por mínima que seja, diminui os reflexos, fazendo com que o motorista perca as condições para dirigir, colocando em risco a sua vida, dos passageiros e das pessoas à sua volta. Cabe reforçar que a lei não permite nenhum nível de concentração de álcool por litro de sangue para dirigir. 

Não adianta aplicativos ilegais para driblar as blitzes, o que floresce é o valor que cada um dá à sua própria vida. Sua vida vale uma ‘cervejinha’? 

Não beba se for dirigir! Se refresque na areia escaldante, pegue um lindo bronzeado, aproveite a brisa do verão para afastar o mau humor, cante para o céu azulado, pule o carnaval, namore, abrace e seja feliz no verão! 

E, ainda, no verão tenha cuidado com as mudanças repentinas de tempo, podem ocorrer chuvas de rápida duração, conhecidas como chuvas de verão. Apesar de serem rápidas costumam ser intensas e acontecem normalmente, no fim da tarde, quando os índices de evaporação das águas (rios, lagos e mares) estão mais altos, dessa forma ainda mais atenção ao dirigir. Afinal queremos ver o outono chegar onde temos como protagonistas as folhas e podemos observar suas mudanças de cores, até que caiam das árvores, um processo lindo que tem por nome “fall foliage”, mas aí seria outro artigo... Feliz Verão! Feliz Carnaval!
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Priscilla Lundstedt Rocha - Especialista em Gestão, Educação e Segurança no Trânsito
E-mail: priscillarochacontatos@gmail.com
Instagram: @priscilla_lundstedt_rocha

FONTE: 
ROCHA, Priscilla  Lundstedt Rocha. Quanto mais cedo nos distanciarmos, mais cedo nos abraçaremos. In: Revista ECOPONTE. Ano 6 no 55, janeiro de 2020. 

terça-feira, 12 de maio de 2020

MAIO AMARELO 2020: Perceba o risco, proteja a VIDA!



O Movimento Maio Amarelo tem como objetivo chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortes e feridos no trânsito em todo o mundo, colocando em pauta, para a sociedade, o tema trânsito.


Por que Maio? Em 11 de maio de 2011, a ONU decretou a Década de Ação para Segurança no Trânsito. Com isso, o mês de maio se tornou referência mundial para balanço das ações que o mundo inteiro realiza.

Por que amarelo? O amarelo simboliza ATENÇÃO e também a sinalização e advertência no trânsito. Este ano, o MAIO AMARELO será voltado para os profissionais que prestam serviços essenciais ao país, em razão da pandemia de coronavírus. A iniciativa segue a orientação das autoridades para respeitar o distanciamento social.

A todos que estão trabalhando no e em TRÂNSITO: caminhoneiros, taxistas, motoristas de aplicativo, motociclistas e ciclistas entregadores, Agentes de Trânsito, Guardas Municipais, policiais e também os profissionais de saúde como médicos e enfermeiros, todos que dia a dia cuidam de nós e de nossa cidade nosso respeito e agradecimento! VOCÊS ESTÃO FAZENDO E SENDO A DIFERENÇA!

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Escute seu veículo: proteja sua vida


Educação e segurança para o trânsito

Por: Priscilla Lundstedt Rocha
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O direito de ir, vir e estar, ocupar o espaço público, conviver socialmente são princípios fundamentais implícitos na palavra trânsito, considerando-o como um processo histórico-social que envolve, principalmente, as relações estabelecidas entre os homens.


Assim como a dignidade da pessoa humana, prevista na CF, é um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito, o trânsito dá prioridade em suas ações à defesa da vida, preservando a saúde e o meio ambiente. Logo, o trânsito não é apenas uma questão técnica, mas principalmente, social e política diretamente ligada a nossa sociedade.

Associar o trânsito apenas a problemas da atualidade – congestionamentos, acidentes, estresse – é um grande engano. Esta visão reducionista esvazia toda a história de pessoas que desafiaram Caminhos desconhecidos, venceram distâncias, conquistaram espaços e seguiram transitando, incansavelmente.

Não há dúvidas que tudo gira em torno da vida, ou seja, na sua proteção. O direito mais importante dentre todos, consagrado em todas constituições mundiais. Mas, será que damos realmente valor à vida quando estamos no trânsito?

Pensemos em um acidente de trânsito: tríade 'via-veículo-homem', envolvendo o verbo falhar. Essa tríade precisa ser (re) pensada e racionalizada, pois, em sua interação, o comportamento assertivo do homem garante melhor segurança no trânsito.

Esse comportamento assertivo é ponto de partida para o estudo da psicologia do trânsito e da vida, pois o ser humano almeja sempre possuir algo. No caso do trânsito, um veículo e vias seguras para trafegar. Mas, não basta apenas usufruir, há necessidade de cuidar, e, na maioria das vezes, não o fazemos.

A manutenção veicular, que deveríamos fazer em nossos veículos para preservar e antecipar acidentes visando proteger nossas vidas, é por vezes negligenciada, o que pode resultar em falhas no veículo e acidentes, gerando perdas materiais e humanas.

Cuidar é olhar, escutar o funcionamento do veículo. Porém, se em matéria de prevenção sabemos algumas coisas, também é verdade que desconhecemos muitas. Porventura, caro leitor, sabia que a manutenção pode ser preventiva, detectiva, preditiva ou corretiva?

Por isso, há mecânicos especializados que são os 'médicos' de nossos veículos, e, tal como no juramento de Hipócrates, em que o médico tem como preceito respeitar a vida humana e usar seus conhecimentos para ajudar ao próximo, assim também é o mecânico, o único que pode garantir e assegurar que nossos veículos chegarão ao destino sem falhas mecânicas.

Costuma-se pensar que a manutenção veicular é apenas a verificação de freios, troca de óleo, sistema de arrefecimento, filtro de ar, filtro de combustível, alinhamento e balanceamento e velas. Mas não é só isso. O veículo precisa passar por avaliações de segurança e bom funcionamento dos demais equipamentos. Precisam ser examinados e diagnosticados para assegurar a performance e sua segurança. Todos os problemas corrigidos, preservamos nossa vida.

Não há dúvidas de que é preciso (re) pensar o trânsito, seu verdadeiro significado e prioridades, e assim desfrutar de forma sustentável o viver e conviver no espaço público. Há urgência em entender que o significado de manutenção veicular vai além do apenas cuidar do carro, mas singularmente proteger a vida, a nossa, e a dos outros.

E o hábito de re(aprender) faz toda a diferença na nossa mudança de comportamento em relação à vida e principalmente no trânsito, pois, não somos dublês imortais de “Velozes e Furiosos”.

A leitura tem eco. Ler é dar a si mesmo possibilidade e o prazer de ouvir o eco das ideias e, mudar nossas condutas e ações no trânsito e para a vida. Que o eco da mudança de atitude no trânsito amplifique na vida de todos, e a prevenção não seja feita apenas depois de um “se” (acidente), e sim de fato como prevenção e proteção a vida.

Que tal hoje procurar o seu mecânico e descobrir que tipo de manutenção seu veículo precisa? Boa sorte!

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Priscilla Lundstedt Rocha - Especialista em Gestão, Educação e Segurança no Trânsito

ROCHA, P. L. Escute seu veículo: proteja sua vida. In: Revista ECOPONTE. Ano 5 no 54, Dezembro de 2019.

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