Por: Priscilla Lundstedt Rocha
O atravessar: verbo, em seu sentido de transitivo direto,
ou seja, passar para o outro lado, neste caso por cima, sem qualquer
tipo de problema, pois há toda segurança e infraestrutura viária para esta travessia. Cabe
aqui também o atravessar, em seu sentido indireto, ou seja, ir além, deixar
para trás, ultrapassar...
Talvez fosse assim a melhor definição do passado, não em
relação a sua descrição e segurança, mas no nosso mundo contemporâneo e tamanha
evolução do ser humano o ato de atravessar pensado como um verbo transitivo, ou
intransitivo de passar, cruzar perdeu-se...
O atravessar tornou-se uma aventura por vezes perigosa e
irresponsável por nossa culpa, ou falta de responsabilidade moral, a nos mesmos
e a outrem.
Em grandes cidades rodeadas de concretos, luzes
brilhantes, relógios sempre atrasados, todos com pressa, calçadas sem sombras, pessoas
robotizadas, não se olham, não conversam. No carro, em grande maioria,
estamos sós, com o rádio para escutar as últimas notícias, e a nos escutar,
janelas fechadas, ar ligado e nas mãos o celular para sucumbir as fake news, moda contemporânea, selfies ou simplesmente cuidar da vida
alheia; e infelizmente atrapalhar o trânsito e causar grandes acidentes, além
das ultrapassagens, excesso de velocidade desnecessário, ou parecer fazer tricô
ao chegar ao pedágio...
Muitos acreditam que não há perigo no uso do celular ao
volante, principalmente quando nos encontramos em um engarrafamento, mas este
mau hábito não só coloca a nossa vida em risco como a dos outros. E se olharmos
ao redor, mesmo com nossas janelas fechadas todos estão com os olhos em seus smartphones, proibido por Lei Federal
(CTB), que todos sabem, mas poucos respeitam. Segundos ao enviar uma mensagem,
ou responder um aúdio que podem matar, pelas estatísticas de trânsito fala-se
em aumentar o risco de um acidente de trânsito em 400%.
Amar ao próximo como a si mesmo é um dos preceitos
fundamentais da vida civilizada, já dizia Freud, e também o que mais contraria
o tipo de razão que a contemporaneidade promove: a razão do interesse próprio e
da busca da felicidade, o que encontramos diariamente no trânsito, e que
precisamos mudar com a educação. Piaget já dizia que o principal objetivo da
educação é criar pessoas capazes de fazer coisas novas e não simplesmente
repetir o que outras gerações fizeram, então que façamos coisas novas e com
responsabilidade, e deixar de usar o celular ao volante é um deles. Deixe ele
de lado! Atravesse a Ponte, siga a vida em segurança!
Aceitar esse preceito é um ato decisivo, pelo qual o ser
humano rompe a couraça dos impulsos, ímpetos e predileções ‘naturais’. É o ato
de origem da humanidade, além de ser passagem para a sobrevivência da
moralidade.
Assim como cada viga de aço da ponte tem história, as
vidas que passam também, só que as de aço se imortalizam no concreto, as que
passam, atravessam e seguem o seu caminho. Não estamos prontos, aprendemos no
caminhar...
Que possamos reaprender nossas condutas no trânsito ao
atravessar as ruas respeitando as faixas de pedestres, os sinais de trânsito, o
ciclista, usar o cinto de segurança, o equipamento de retenção da criança,
respeitar a velocidade da via, usar o capacete de forma correta, não
beber se for dirigir.
Voltando a nossa PONTE, este liame de concreto, este
cartão postal histórico, que tem o mais belo pôr do sol do
mundo, e me desculpe Alfred Hitchcock quando ele citou Zadar na Croácia, pois
ele não conheceu a Ponte Rio Niterói.
Que atravessemos em segurança, respeitando as regras de
trânsito, mas principalmente nos respeitando. A nossa vida, que é única! Que
possamos atravessar a vida! Boa Leitura!
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Priscilla
Lundstedt Rocha - Especialista em Gestão, Educação e Segurança no Trânsito
E-mail: priscillarochacontatos@gmail.com
Instagram: @priscilla_lundstedt_rocha
FONTE: ROCHA,
P. L. O liame de concreto sobre a Baía
de Guanabara. In: Revista ECOPONTE. Ano 5 no 53, novembro de 2019.
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